quarta-feira, 9 de março de 2011

Seriedade com que se encara o Espiritismo

"Meus amigos! É possível que eu seja injusto para convosco naquilo que vou dizer: o vosso trabalho, feito todo de acordo - não com a Doutrina - mas com o que interessa exclusivamente aos vossos sentimentos, não pode dar bom fruto. Esse trabalho sem regime, sem disciplina, só pode de acordo com a doutrina que esposastes, trazer espinhos que dilacerem vossas almas, dores pungentes aos vossos Espíritos, por isso que, desvirtuando os princípios que ele assenta, dais entrada constante e funesta àquele que, encontrando-vos desunidos pelo egoísmo, pelo orgulho, pela vaidade, facilmente vos acabrunhará com todo o peso da sua iniquidade..." (Allan Kardec- Livro: A Prece- Segundo o Evangelho).



Sentimos um vento novo soprando discórdia e confusão. E gritam as vozes na histeria de baixo teor filosófico: "O Espiritismo carece ser modificado, ampliado ou mesmo atualizado". E vozes retumbantes criam eco em mentes um tanto vazias. E fazem isto em meio ao público em geral, nos arraiais de encontros fraternos, onde muitas vezes o respeito cede lugar à balburdia.

Kardec nos deixou claro que o Espiritismo não deve servir para o nosso deleite e diversão.

Práticas mediúnicas que deveriam ser realizadas com o mais alto zelo e recolhimento, proliferam-se à frente de multidões de expectadores, muitas vezes sem nenhum conhecimento espírita,  durante reuniões públicas evangélicas, onde a multidão é levada a aplaudir o show e o discurso infrutífero daqueles que mais buscam o reconhecimento pessoal do que o consolo dos aflitos.

Foge-se ao objetivo precípuo da Doutrina dos Espíritos.

Oradores a incorporar no meio da reunião pública, deveriam ter mais seriedade e respeito. Hoje assistimos oradores incorporando, cantando e fazendo exercícios para os músculos em meio à reunião doutrinária, levando o nome do Espiritismo ao ridículo. São os inimigos do Espiritismo que nascem e afloram dentro do seio do Movimento e que utilizam a máscara abominável da hipocrisia entre as pessoas de boa fé.

Outras vezes, vemos o orgulho a desfilar em criaturas que deveriam estampar suas preleções em estudos evangélicos, baseando-se em preceitos Kardequianos e, no entanto, aproveitam-se do momento de projeção durante a oratória e utilizam-se do púlpito para chamar a atenção para seus cursos de graduação e pós graduação, quando não, convidam sutilmente o público para visitar seu local de trabalho, seu consultório, com vistas a arrecadar bastante dinheiro.

A que Senhor servimos? A Deus ou a Mamon? A que nível chegamos?
Estamos utilizando a Doutrina para nossa projeção social e pessoal?
É este o objetivo da Doutrina dos Espíritos? Uma doutrina de amor, de abnegação, que Kardec tanto lutou para estabelecer suas bases em uma sociedade materialista.


Estamos nos utilizando da Doutrina Espírita a nosso favor, para preencher nossas carências, nossos egos e até nossos bolsos.

O que Kardec nos diz quanto à formação de Grupos Espíritas sérios à sua época:

" Um fato talvez mais importante do que a constatação em termos de quantidade, resultante também de nossas observações, é a seriedade com que se encara o Espiritismo. Onde quer que se pesquise - e podemos dizer: com avidez- busca-se o lado filosófico, moral e e instrutivo.
Em nenhum lugar vimos a prática espírita reduzida a motivo para distrações nem as experiências serem conduzidas como diversão. Invariavelmente as perguntas fúteis e a simples curiosidade são postas de lado. Em sua maioria os grupos são muito bem dirigidos, alguns mesmo de notável maneira, com o emprego pleno de verdadeiros princípios da ciência espírita."

Devemos nós espíritas, em favor da obra e da grandiosidade dos ensinamentos espíritas, apresentar total desinteresse moral e material, pois que se trata de questão ética, de princípio e de fidelidade à doutrina edificada por Kardec, anunciada por Jesus e trazida pelos Espíritos Superiores, resumindo, a Doutrina dos Espíritos não nos pertence,  faremos sempre usufruto dela, mas jamais ela será resumida a nossa pequenez.

Palavras de Kardec:

"Ao lado da especulação material, há aquela à qual poderíamos chamar especulação moral, isto é, a satisfação do orgulho, do amor próprio. É o caso dos que acreditam, sem interesse pecuniário, ser possível fazer do Espiritismo um pedestal honorífico para se colocarem em evidência"...

Um comentário:

  1. Parabéns pela coragem de colocar o dedo na ferida. são poucos no nosso movimento que se dispõem a se indispor, para colocarem os pingos nos is. A maioria está indiferente, e pensando que se não criticarem estão sendo caridosos.

    Tem muita gente, mas muita gente mesmo, que está fazendo apenas promoção pessoal.

    E parece que a indiferença tomou conta daqueles que deveriam ter o dever de assumir posturas corretas.

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